26 de fevereiro de 2008

O começo é a metade de tudo

Carlos Nader"
...O começo é a metade de tudo Sim, somos o que comemos. E o intestino é o cérebro que transforma a comida em nós. Mais uma vez, estou sendo quase literal. Para tradições médicas milenares, como a védica ou a chinesa, o intestino é um órgão através do qual nós discernimos, sentimos, pensamos. Não só sobre a comida, mas, como qualquer mãe-de-santo sabe, sobre a vida toda. A ciência anda esquecida disso, mesmo sabendo que de acordo com a própria ciência há mais neurotransmissores no intestino do que no cérebro. E que há também ali uma imensidão de neurônios usados, sobretudo, nas decisões fundamentais que o sistema imune tem que tomar a cada segundo, para aceitar o que nos fará bem e rejeitar o que nos fará mal. Nesta época de excessos impensados, que geram a destruição inconseqüente que estamos testemunhando, atônitos com nós mesmos, talvez devêssemos ouvir mais o intestino. Para isso, precisamos tratá-lo melhor. Não é nada que não possa começar com uma dose diária de probióticos e uma disciplina alimentar mais inteligente, que não ceda bobamente às ansiedades do cotidiano. "O começo é a metade de tudo", disse Platão, 400 anos a.C. E um amigo meu, quando adolescente, que atendia pelo bonito apelido de Gasoso, amante do Che Guevara e do rodízio de pizzas Grupo Sergio, ouviu um conselho definitivo da mãe, dona Sarita: "Se você quer mudar o mundo, por que não começa arrumando a bagunça do seu quarto?". O local é o global. Sábia dona Sarita. O raciocínio dela deve ser levado a conseqüências ainda mais pessoais. É através dele que entendemos que o aquecimento global começa na barriga. Algo que o Gasoso sabia melhor que Platão.*

Carlos Nader para Trip

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