4 de março de 2008

De quando a gente era diferente e eu queria ser você (ou de como ficamos tão amigos)

Fecho os olhos e me lembro de quando era criança e você era grande e tudo o que eu queria ser. Brincava de “dirigir” no sofá te imitando, e até tuas roupas usava. Hoje somos muito mais parecidos e ainda me espelho em você. Acho que posso dizer sem medo que sempre fomos grandes amigos e que você foi o primeiro quem sempre entendeu minhas mancadas, agüentou meus medos e nunca duvidou dos meus sonhos.

Lembra de tudo que fizemos juntos ? Você me ensinou a gostar da praia; a não ter medo de onda, gostar de peixe; a jogar bola e fazer um bom churrasco. E lembra de tanto futebol e tanta coisa que você me ensinou? Que se o Parque Antártica balançasse não queria dizer que ia cair, que sem bons laterais o time não vai a lugar nenhum, que a gente podia sim confiar no Mazinho, mesmo que ninguém confiasse...

Ah!, eu me lembro! Nossas paixões pelo esporte e por tantas coisas em comum só nos aproximaram; mesmo que eu achasse tantas coisas e você tantas outras. E até hoje, sempre que o nosso time entra em campo lembro de como você ficou feliz naquele dia em que fomos campeões e você estava muito longe mas “acompanhou” os pênaltis por telefone e quase te matei quando acabou e eu não conseguia nem te contar que nosso goleiro tinha fechado o gol.
Lembro quando o Brasil perdeu numa copa do mundo com um gol do Caniggia , eu chorei e você disse que isso não era o fim do mundo; que isso é pra se aprender a valorizar as vitórias quando vierem.

Lembro que você usava um bigode e eu dizia pra você tirar só pra ver como ficava e quando tirou você ficou mais novo. E tantos interesses novos que você despertou em mim sem me impor nada ; aprendi a ouvir as coisas que você me mostrava e hoje gosto de Cartola; Caymmi e tanta coisa. E que você se surpreende e aceita minhas coisas mesmo que sempre pareça “do contra”. Eu sei que você sorri de muitas coisas que falo e que só pra não perder o costume me censura; sei que você se alegra em ver nossa casa sempre feliz...

Lembra de como você ficou preocupado com aquela bolada que eu levei na cabeça no jogo de tênis? Eu sei que isso me mostrou o que é ter carinho por alguém. E quando cai da mobilete e você me levou no colo e era domingo.E tanta coisa que eu fiz e você dizia “cuidado”. Lembro de te ver chorando poucas vezes, mas acho que lembro de todas; de alegria ou não; acho que a primeira vez me mostrou que não fica feio chorar e desde então eu choro pra caramba...

Lembro de quando você juntou todo mundo em casa pra dizer que tinha que se mudar por causa do trabalho, mas que não queria que as coisas mudassem, e a gente cresceu desde então; nem parece mas já faz tempo. E muita coisa mudou como mudaria se você ainda estivesse aqui todos os dias. Mudou porque crescemos, porque também mudamos, mas nossa família continua a mesma e sei que isso não nos distancia.
Hoje entendo quando você fala que a minha juventude passa e que não sou indestrutível. Acho graça quando você diz ainda hoje que não paro em casa e quando paro você me diz “vai dar uma volta, vai”.

A vida nos fez bem diferentes em tantos aspectos, mas como uma ótima dupla de ataque nos entendemos com muita facilidade. Como nosso “toco e me voy” É como você me explicava: um olha pro outro e já sabe onde vai jogar a bola. Queira ter o cabelo como o teu, mas isso não vai dar, então quero ter muitas outras coisas; tua raça pra conseguir as coisas, o respeito que você tem das pessoas e a coragem de arriscar, não sem antes planejar.
Você ajudou a enxergar muitas coisas e quero te ajudar a vencer o que ainda virá.
rafa

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